terça-feira, 10 de agosto de 2010
A Eterna Necessidade de Pertencer
Há alguns anos conheci um judeu. Rapaz novo, estava estudando São Paulo.
Nas primeiras conversas soube que os pais eram separados e, não conhecendo judeus divorciados, fiquei surpresa.
Interessante é que ele foi ficando mais "judeu" com o passar dos anos: começou a usar o quipá e vários outros " adereços" que desconheço o nome. Foi estudar em Israel, conheceu uma moça judia e casaram-se quando retornou ao Brasil.
Conversei com ele pouco antes do casamento e era notável a cultura judaica que ele transmitia e praticava! Mas era diferente de quando o conheci. Mas eu acreditava que era porque havia incorporado (ou assumido, ou aceito) os valores familiares que os adolescentes, em sua maioria, tentam negar. Ele havia amadurecido.
Então, soube que a história do meu colega de estudos era outra. O pai o havia abandonando. Não sei de que forma ele descobriu haver algum parente ou antepassado judeu e então decidiu ser um.
Por que?
Porque uma pessoa precisa pertencer a alguém, a alguma família, a alguma tribo, a alguma religião, a algum time.
Precisa sentir que faz parte de um grupo, que é aceita, valorizada e, sobretudo amada.
Precisa saber que outros compartilham um mesmo filme, uma mesma música, uma mesma fé. Precisam saber que não são únicos no mundo e que seus pensamentos também pertencem aos pensamentos de outros.
Precisa saber que, mesmo que talvez suas idéias sejam tão diferentes da maioria, elas não podem ser consideradas inaceitáveis.
Talvez a busca pelas origens desse meu amigo, foi a maneira que ele encontrou para pertencer...
Seria quase insuportável não ter com quem dividir as alegrias e tristezas de se ser quem se é.
sexta-feira, 9 de julho de 2010
Emmanuel Pahud e o Flauta na Rede
Dois concertos com a OSESP e abertura do Festival de Inverno de Campos do Jordão. Foi assim que Pahud mostrou sua música na semana passada.
Mas, além dos comentários já esperados sobre ele, os que me impressionaram foram sobre a “pessoa” dele.
Esses comentários vieram dos participantes do grupo do Yahoo “Flauta na Rede”. Há muito tempo participo (não muito ativa ultimamente) dele e é impressionante a maneira com todos os flautistas ali se tratam: como amigos e nunca como concorrentes.
Peço licença aos amigos para transcrever alguns depoimentos:
Ananias: “ Mais uma vez tive o privilégio de poder ouvir ao Emmanuel Pahud pessoalmente. Desta vez inclusive tocando na orquestra enquanto ele solava.
A unica coisa que posso dizer é que ele é realmente impressionante. O dominio do instrumento é total e ele se utiliza desse dominio para fazer música sempre.
O que me chama atenção no Emmanuel é que tem total noção de sua importância como flautista e artista e não sonega nenhuma informação em momento algum. Uma pessoa extremamente generosa e honesta.Apenas uma curiosidade: Cheguei à orquestra para o ensaio geral de quinta-feira na orquestra e me encontrei por acaso com ele. Diga-se que a noite anterior havia terminado não há muitas horas!!!( boemia , boemia!!!)
Ficamos conversando até o momento de entrarmos no palco, pois eu só começava a tocar na peça em que ele tocava.
Fiquei pensando, ele não vai aquecer, não vai dar uma sopradinha antes, que nada, montou a flauta quando entrou no palco e nem pediu o lá! Atacou e pronto, lá veio aquele som maravilhoso que todos puderam ouvir durante esta semana!
A nós pobres mortais resta estudar e estudar tendo-o como inspiração.”
Nilson: “Sexta-Feira no intervalo, logo depois da apresentação corri para tentar falar e tirar um Foto com Pahud, fiquei temeroso e tímido para isso, como seria o Pahud? Mas o cara me surpreendeu. Depois de ouvir meus elogios e agradecimentos, pedi para tirar foto, mas fiquei sem jeito, será que posso chegar mais perto do cara? Mas Emmanuel veio ao meu lado, colocou seu braço esquerdo sobre minhas costas em puxou-me para tirar a Foto. Fiquei pensado: Que ser humano fantástico, o caro tinha tudo para ser esnobe, orgulhoso, arrogante, sem humildade, mas não, o cara é atencioso, simples, humilde... O Cara é demais. Acredito agora que uma Flautista primeiro precisa ser um ser humano fantástico para depois ser um fantástico Flautista”.
Savio: “Foram dias de flauta, muita música e muita boemia. Como falou o Ananias, a simplicidade e honestidade dele estão sempre à mostra. E que generosidade.
E sua música? É de uma exuberância indescritível! Não há como não se emocionar. É simplesmente lindo! Na noite da sexta saímos para um bar onde havia um grupo de choro... Depois ... o Emmanuel monta a flauta dele e pede para cada um ali da mesa tocar alguma coisa. Ficamos brincando entre choros e alguns improvisos, lutando para o som sair àquela hora... Eis que chega a vez dele. Ele nos brinda com um som lindo e alguns improvisos descompromissados, algumas brincadeiras mesmo, mas muito musicais, criativas, muito expressivos. Foi marcante! Expressividade é a sua marca, sempre, a qualquer hora, seja na Filarmônica de Berlim, seja como solista em qualquer palco, seja na mesa de botequim as 4 da manhã num boteco simples da Vila Madalena.”
Rogério Wolff: “Foram dias de aprendizado de um várias coisas de música, de flauta e principalmente de atitude de um ser humano genial. Nas aulas, bom humor, paciência e deixou todo mundo doido tocando nas flautas dos alunos, incentivando-os a acreditar que suas flautas conseguem muito mais do que eles poderiam crer. Essa de dar uma flauta de 50000 dolares às 4 da manhã para um bando de flautistas pra lá de Bagda, me fez pensar em um monte de gente que protege mais o instrumento que a própria vida, e o mais engraçada foi todo mundo tentando tocar e nada funcionava direito...
Ele curte a vida, adora fazer música e passa tudo isso quando toca. Na maior simplicidade!”
Ananias: “Bom, vou agregar mais uma coisa.
Quando acabou o concerto de sexta-feira, lá pelas 11 e meia da noite, subi aos nossos camarins para me trocar e eis que se não quando me deparo com o Emmanuel dando uma aula particular, olhei e não acreditei!
O cara me vê e diz : hei José tudo bem?
Eu fiquei meio bobo sem saber o que pensar direito sobre a cena e respondi , é tudo bem! E o Sávio e a Jessica ali bebendo da fonte as 11 e meia da noite.
Realmente sem comentários...”
A Bia escreveu: “Pude constatar através de vcs o ser humano maravilhoso que ele (Pahud) é. Aliás, que todos vcs são também, por postarem comentários tão sinceros onde não se lê nem se entrevê uma linha sequer de ciúmes, muito ao contrário. Todos o admiram e isso também é mérito de vcs que tem o coração aberto, generoso e sincero para admirar e respeitar (com tanta estima!) o trabalho de um colega já consagrado. Vcs todos estão de parabéns!”
Ouça Emmanuel no youtube!
Se tiver curiosidade, descubra quem foram essas pessoas que “aprenderam“ com ele.
Não preciso escrever mais nada... somente tentar aprender.
Abraços flautísticos!
Marcadores:
pahud flauta na rede osesp festival
segunda-feira, 21 de junho de 2010
Aprendendo com o Futebol ( ! )
Eu escrevi isso? Pois é, não combina pelo simples fato de quem não sei nada sobre futebol.
Na última copa aprendi que a bola volta ao centro do campo para recomeçar após o gol (eu achava que era uma regra do futsal).
Dos que foram para a África, eu só “conhecia” o Robinho.
Hoje, já idenfico Elano, Luís Fabiano (precisei do google...rs) e Julio César. E é sobre este último que vou escrever.
Numa entrevista, Suzana Werner, esposa de Julio César (que obviamente só soube agora) contou sobre a tristeza do marido quando foi chamado para jogar em Milão.
Pára tudo (com ortografia antiga mesmo)! Contrato em Milão e tristeza são tão opostos que na hora não consegui imaginar o que seria.
Explico: Julio César treinava com o time, mas não participou de qualquer jogo por 6 meses.
Não sei quais foram as estratégias envolvidas no assunto. Talvez a adaptação de Julio César ao time, ao país, enfim... não pesquisei. Mas quase todos nós conhecemos alguém que passou diversos dias numa empresa sem receber qualquer serviço, apenas nessa tortura psicológica que acabaria num pedido de demissão.
Só quem foi vítima de algum tipo de exclusão pode imaginar a dor dele, com certeza maior que uma dor física decorrente de um jogo. Se não me engano, ele está hoje entre os melhores do mundo!
Acredito que sentiria a mesma dor caso eu fosse banida da música de alguma forma. Tento imaginar como seria ser professora de uma escola ou freqüentar uma igreja sem que pudesse efetivamente participar das apresentações, onde eu assistiria os outros, como se estivesse ali também para um tipo de tortura, pois é o que significaria ser banida daquilo que mais amo fazer.
Talvez servisse para algum aprendizado, afinal, Julio César esperou por 6 meses... mas sofreu. Talvez por não entender o propósito para o qual foi contratado. Não sei qual a lição aprendida. E como seria se 6 meses se transformassem em 5 anos? Quase a morte.
Alguém duvida?
Na última copa aprendi que a bola volta ao centro do campo para recomeçar após o gol (eu achava que era uma regra do futsal).
Dos que foram para a África, eu só “conhecia” o Robinho.
Hoje, já idenfico Elano, Luís Fabiano (precisei do google...rs) e Julio César. E é sobre este último que vou escrever.
Numa entrevista, Suzana Werner, esposa de Julio César (que obviamente só soube agora) contou sobre a tristeza do marido quando foi chamado para jogar em Milão.
Pára tudo (com ortografia antiga mesmo)! Contrato em Milão e tristeza são tão opostos que na hora não consegui imaginar o que seria.
Explico: Julio César treinava com o time, mas não participou de qualquer jogo por 6 meses.
Não sei quais foram as estratégias envolvidas no assunto. Talvez a adaptação de Julio César ao time, ao país, enfim... não pesquisei. Mas quase todos nós conhecemos alguém que passou diversos dias numa empresa sem receber qualquer serviço, apenas nessa tortura psicológica que acabaria num pedido de demissão.
Só quem foi vítima de algum tipo de exclusão pode imaginar a dor dele, com certeza maior que uma dor física decorrente de um jogo. Se não me engano, ele está hoje entre os melhores do mundo!
Acredito que sentiria a mesma dor caso eu fosse banida da música de alguma forma. Tento imaginar como seria ser professora de uma escola ou freqüentar uma igreja sem que pudesse efetivamente participar das apresentações, onde eu assistiria os outros, como se estivesse ali também para um tipo de tortura, pois é o que significaria ser banida daquilo que mais amo fazer.
Talvez servisse para algum aprendizado, afinal, Julio César esperou por 6 meses... mas sofreu. Talvez por não entender o propósito para o qual foi contratado. Não sei qual a lição aprendida. E como seria se 6 meses se transformassem em 5 anos? Quase a morte.
Alguém duvida?
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
Big Brother
Senti vontade de escrever sobre um e-mail que recebi: cordel do BBB. Não sou fã do BBB, tento ver programas educativos quando posso ver TV, mas discordo do famoso cordelista. Como assim? Quando surgiu o BBB1, não conseguia compreender o por quê do interesse na vida alheia daquela forma. Na verdade ainda não compreendo! Não compreendia o que um jornalista como Pedro Bial estava fazendo ali! Mas, nas poucas vezes que assisti um "paredão", os comentários do Pedro Bial me deixavam confusa. Me explico: como ele conseguia ver tantas qualidades naquilo que eu imagina ser tão fútil, tão inutil? Aprendi outra lição (e que bom que a gente sempre aprende quando quer). Todas as pessoas, por mais diferentes que sejam, tem algo especial, tem algo a nos ensinar, a nos fazer pensar. Pedro Bial sempre teve um elogio para cada participante, mesmo quando a gente, muitas vezes, não conseguir sequer pensar no que poderia ser bom naquele indivíduo.Continuo achando o programa desnecessário, mas a lição fica: procure o bom nas pessoas. Você sempre irá encontrar!
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