
Há alguns anos conheci um judeu. Rapaz novo, estava estudando São Paulo.
Nas primeiras conversas soube que os pais eram separados e, não conhecendo judeus divorciados, fiquei surpresa.
Interessante é que ele foi ficando mais "judeu" com o passar dos anos: começou a usar o quipá e vários outros " adereços" que desconheço o nome. Foi estudar em Israel, conheceu uma moça judia e casaram-se quando retornou ao Brasil.
Conversei com ele pouco antes do casamento e era notável a cultura judaica que ele transmitia e praticava! Mas era diferente de quando o conheci. Mas eu acreditava que era porque havia incorporado (ou assumido, ou aceito) os valores familiares que os adolescentes, em sua maioria, tentam negar. Ele havia amadurecido.
Então, soube que a história do meu colega de estudos era outra. O pai o havia abandonando. Não sei de que forma ele descobriu haver algum parente ou antepassado judeu e então decidiu ser um.
Por que?
Porque uma pessoa precisa pertencer a alguém, a alguma família, a alguma tribo, a alguma religião, a algum time.
Precisa sentir que faz parte de um grupo, que é aceita, valorizada e, sobretudo amada.
Precisa saber que outros compartilham um mesmo filme, uma mesma música, uma mesma fé. Precisam saber que não são únicos no mundo e que seus pensamentos também pertencem aos pensamentos de outros.
Precisa saber que, mesmo que talvez suas idéias sejam tão diferentes da maioria, elas não podem ser consideradas inaceitáveis.
Talvez a busca pelas origens desse meu amigo, foi a maneira que ele encontrou para pertencer...
Seria quase insuportável não ter com quem dividir as alegrias e tristezas de se ser quem se é.